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Síndrome de Burnout: Compreendendo o Adoecimento Relacionado ao Trabalho

O sofrimento no trabalho é um fato e por vezes, se não em grande parte delas, o trabalhador não é levado a sério ou é tratado pelos sintomas, como estresse, ansiedade, depressão ou até eventos de pânico, além de agravos físicos no sistema digestório e/ou músculo-esquelético, por exemplo. Assim, a inserção na CID 11 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde), insere a classificação da síndrome de burnout em seu contexto: o trabalho.

É necessário compreender, penso eu, que não é defeito do trabalhador, o adoecimento, mas que este decorre de problemas na engrenagem capitalística trabalho versus trabalhador, em que exigências e pressões incidem sobre o indivíduo.

A pessoa é a parte mais frágil, a corda se rompe para alguns e não são poucos e esses indivíduos perdem a profissão, o ganha-pão e por vezes o respeito de seu meio familiar e social. Não se pode esquecer que a modernidade se construiu nos fazendo acreditar que o trabalho enobrece o homem.

A síndrome de burnout entrou de chofre no noticiário mundial, no final de maio de 2019, após a informação da Organização Mundial de Saúde, de que foi aprovada a sua inclusão na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, CID 11. Rapidamente coloquei no buscador google, “CID 11” e “síndrome de burnout”, e fui informada de que havia “aproximadamente 2.700.000 resultados”.

A síndrome de burnout ganhou destaque nas notícias em todo o mundo no final de maio de 2019, quando a Organização Mundial da Saúde anunciou sua inclusão na CID-11. Ao pesquisar no Google por “CID 11” e “síndrome de burnout”, foram encontrados aproximadamente 2.700.000 resultados. Embora a CID-11 tenha entrado em vigor em 2022, parece que sua adoção completa por parte das instituições e profissionais de saúde ainda não ocorreu.

Falemos, portanto, da síndrome. A tradução de burnout, é queimar-se, apagar-se, extinguir-se. Em muitos artigos científicos e em textos no âmbito jurídico e da saúde, atribui-se a Herbert J. Freudembreguer, em 1974, a primeira caracterização de sofrimento no trabalho, que pode levar à exaustão, algo equivalente a queimar-se por dentro, destruir-se a si mesmo. Na prática, é amplamente utilizado o modelo teórico de Maslach, explicado por Carlotto (2006): “a síndrome de burnout é um processo em que a exaustão emocional é a dimensão precursora da síndrome, sendo seguida por despersonalização e, por fim, pelo sentimento de diminuição da realização pessoal no trabalho”.

No livro Rápido e devagar, Kahneman mostra, entre muitas coisas, em sua pesquisa sobre cognição humana, que o excesso de trabalho pode embotar o raciocínio, na situação em que o que chama de sistema 1 age em demasia e o sistema 2 pode ficar saturado de tanta exigência automatizada. Muitas vezes, em livre pensar sem exigência acadêmica, associando o achado acima com burnout, são exigências de exercer tarefas sem sentido, no âmbito do trabalho e retrabalho, tarefas inúteis e repetitivas, que podem iniciar um processo de adoecimento no trabalho, levando o estresse até a combustão. 

Referências

CARLOTTO, M. S.; PALAZZO, L. S. Síndrome de burnout e fatores associados: um estudo epidemiológico com professores. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22(5):1017-1026, maio, 2006.

KAHNEMAN, D. Rápido e devagar, duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2018.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 11). Disponível em: https://icd.who.int/browse11/l-m/en#/http://id.who.int/icd/entity/129180281