Possivelmente, uma pessoa de idade ao manifestar interesse em buscar ajuda psicológica, encontraria em uma psicoterapia de apoio a possibilidade de compreender tanto o próprio envelhecimento como as mudanças e limitações no cotidiano. Em muitos casos, é possível, também, que sinta impulsos em revisitar períodos da vida, na necessidade de acomodar as emoções que podem insistir em virem à memória.
A idade, por si só, é tempo de rememorar. Talvez a gente precise revisitar pela memória para saber quem realmente é. É visível que as pessoas mais velhas falam do passado. Seria entre outras coisas, a vontade de elaborar quem se é.
Entender e conectar como fios as vivências pela vida afora pode apaziguar lacunas doloridas e dar uma sensação de congruência. O final da vida hoje, para cada vez mais pessoas, é longo. É o período da vida adulta com mais tempo para escolher o que fazer; e o processo psicoterápico é uma das atividades saudáveis a se buscar.
A psicoterapia, para muitos, é um lugar um tanto misterioso. Na prática é simples, é um espaço criado para que a pessoa que busca a/o profissional, fale de suas aflições, dores e declínio das forças físicas. Ali, no consultório, há um profissional habilitado para a escuta terapêutica. A prática da escuta psicológica é um aprendizado teórico-técnico que faz sentido com o desenvolvimento profissional do potencial de percepção somática do outro.
Uma pessoa amiga é excelente para desabafar e trocar uma ideia, mas tem pouca potência para impulsionar ressignificação de memórias e consequentes mudanças comportamentais. São situações diferentes. A terapia pela palavra proporciona a expressão das subjetividades do sujeito da clínica, no caso, a pessoa idosa, para o outro, esse desconhecido psicoterapeuta. É um processo de autoconhecimento e ampliação da sensibilidade de si mesmo.
É preciso romper a resistência e buscar a psicoterapia.
Na minha prática, poucos idosos chegam ao consultório. Tem o viés de perfil, pois nesta geração acima dos 60 anos, ainda há maioria de semianalfabetos digitais. No entanto, muitos destes fazem ligações com vídeo, em substituição ao telefone, aprendendo o uso da tecnologia pelo interesse em ver um parente ou amigo na tela. A dificuldade em executar essa tarefa é baixa. Uma consulta psicológica online também é fácil de acessar, é só entrar na sala, com um ou dois cliques .