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Sonho e trauma

Nada como uma boa noite de sono! E um sono de qualidade tem sonhos. As pesquisas sobre o sono mostram que os sonhos ajudam na elaboração emocional. Os sonhos auxiliam a cura de feridas emocionais. No entanto, em algumas pessoas um trauma pode desencadear um desequilíbrio no ambiente químico do sonho.

A teoria sugere que, quando o cérebro não consegue dissociar a emoção da memória ao longo da primeira noite após uma experiência traumática, ocorre uma nova tentativa de despojamento na segunda noite, já que a força da “etiqueta emocional” associada à memória permanece excessivamente elevada. Quando o processo fracassa pela segunda vez, repete-se a tentativa na noite seguinte, e na noite seguinte, e por aí vai, como um disco arranhado. 

Matthew Walker
“Porque nós dormimos”


“O sono REM [com sonhos] é o único momento durante o período de 24 horas em que o cérebro fica completamente desprovido dessa molécula desencadeadora de ansiedade.” Ansiedade essa, necessária para tomada de decisão, em situações de “luta ou fuga”, como batizaram os neurocientistas.

Em condições normais, a noradrenalina é reduzida durante a noite de sono, portanto um período sem ansiedade (necessária em níveis fisiológicos normais na situação de vigília). Esse neurotransmissor tem a ver com ação, e devemos ficar quietos e tranquilos enquanto dormimos. No entanto, o que se descobriu é que nas pessoas que não conseguem se livrar do trauma, os sonhos se dão em um ambiente cerebral banhado de noradrenalina. São pesadelos em que a pessoa revive a dor do trauma e repete e repete. É um sofrimento terrível! Talvez a memória revivida em sonhos possa por outro lado, contribuir para ultrapassar o trauma, conforme algumas experiências no processo de psicoterapia. 

… eu me questionei se, durante o sono REM o cérebro reprocessaria experiências e temas perturbadores nesse ambiente cerebral onírico neuroquimicamente calmo (baixa noradrelina) e seguro. Será o estado onírico do sono REM um bálsamo reconfortante projetado à perfeição, no qual são removidos os gumes emocionais afiados de nossa vida diária? (Walker)

O sono é guiado pelo ritmo circadiano, de dia e noite, tem como um marca-passo no cérebro para regular a vigília e o sono. O ser humano é um animal diurno, que dorme à noite, salvo em situações que forçam o corpo a mudar seu hábito de dormir à noite.

Dormir dá a possibilidade de nos curarmos!

Nota: é importante saber que o trauma não é somente a classificação do transtorno por estresse pós-traumático, TEPT. As pesquisas mostram que as violências físicas e psicológicas deixam marcas traumáticas e muitas pessoas não saem da dor do trauma. Ela pode ser revivenciada em situações de vigília como durante a fase de sono com sonho.

Referência

Walker, Matthew. Por que nós dormimos: a nova ciência do sono e do sonho. Rio de Janeiro: Intrínseca. Edição digital: 2018

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